5. Glossário

[este glossário apresenta alterações devidamente identificadas, que resultam do workshop dinamizado no AzLab#33 Quem faz o quê: processos criativos em azulejo e que se inscreve no âmbito do projecto Az.Thesaurus]


ALBARRADAS: Composições de vasos ou cestos floridos, ladeados por pássaros, outros animais ou figuras infantis, intercalados ou não por motivos vegetalistas.
 
ALMINHA: Painel de dimensões reduzidas ou azulejo único com a representação das Almas do Purgatório. Podem ter as iniciais P.N. (Pai Nosso) e/ou A.V. (Avé Maria).
 
AUTOR: Quem concebe e/ou cria a obra. Pode não corresponder a quem executa.
[Az.Thesaurus]
[nota] Trata-se de um termo mais utilizado na produção de azulejos contemporâneos.
 
AUTORIAS: Todos os interveniente(s) envolvidos na concepção e/ou na execução da obra. Inclui obra assinada, identificada, documentada ou atribuída (esta informação deve ser sempre mencionada).
[Az.Thesaurus]
[nota complementar] De uma forma geral, considera-se, para a produção de azulejos, a existência de uma autoria múltipla: oleiro, mestre ladrilhador e pintor. Pode haver necessidade ainda de mencionar o planeamento de um arquitecto e a produção de desenhos prévios por um pintor.
 
AZULEJADOR: Usar preferencialmente ladrilhador.

BARRA: Tipo de emolduramento formado por duas ou três fiadas de azulejos justapostas, rematados por cantos.
 
CANTO: Azulejo(s) de articulação dos emolduramentos, na vertical e horizontal.
 
CANTONEIRA: Peça tridimensional com duas superfícies perpendiculares, que permite o emolduramento das arestas.
 
CENTRO: Motivo principal do módulo de padrão. Pode ser isolado ou articular-se com os elementos de ligação. O mesmo padrão pode conter mais do que um centro.
 
O centro é determinado pela área que ocupa no desenho do módulo. O centro deve ocupar mais de metade do desenho do módulo. Existem padrões de módulo único, com o(s) centro(s) circunscrito(s) a um único azulejo, mas a solução habitual é que o desenho do centro resulte da articulação de vários azulejos (mínimo 4 = módulo 2x2).
 
No século XIX e XX observam-se variações: elementos de ligação que formam um centro pela junção de quatro azulejos; ou vários centros num único azulejo. Pode mesmo assistir-se à ausência de centro.
 
CERCADURA: Tipo de emolduramento formado por uma fiada de azulejos, rematado por cantos.
 
CLASSIFICAÇÕES: Classifica os azulejos (revestimento ou painel) no que diz respeito à sua representação.
 
CRONOLOGIA: Informação relativa à data ou período correspondente às várias fases da obra (concepção, execução, aplicação, intervenções posteriores, etc.).
 
ELEMENTO DE LIGAÇÃO: Motivo que estabelece a ligação entre o(s) centro(s) do padrão ou entre os elementos centrais dos emolduramentos.

ELEMENTO DE SEPARAÇÃO: Composição que separa as secções.
 
EMOLDURAMENTO: Composição que circunscreve secções e/ou painéis de azulejo.
 
ENCOMENDADOR: Pessoa ou instituição responsável pela encomenda.
 
EXECUÇÃO: Quem executa e/ou aplica a obra.
 
FÁBRICA: Corresponde à unidade de produção industrial.
[Az.Thesaurus]
Corresponde à unidade de produção cerâmica semi-industrial e industrial, na qual se reconhece uma maior organização, distribuição de tarefas e especialização do trabalho.
​[nota complementar] Usa-se depois da criação da Real Fábrica de Louça, ao Rato, em 1767.
 
FIGURA AVULSA: Composição que se circunscreve a um único azulejo, com um motivo central. Pode ter os cantos decorados com motivos de dimensão reduzida, que têm como função articular vários azulejos de figura avulsa entre si.
 
FIGURATIVO: Composição que tem o natural como referente.
 
FRISO: Tipo de emolduramento formado por elementos de tamanho inferior a um azulejo.
 
ICONOGRAFIA: Identificação do tema representado em cada secção figurativa.
 
INDEXAÇÃO: Registo da iconografia ou dos motivos que a compõem, recorrendo ao sistema Iconclass [versão pt].
 
LADRILHADOR: Quem aplica os azulejos (até ao século XIX). Actualmente considera-se ladrilhador quem domina a produção, estabelecendo o contacto com o encomendador, distribuindo a encomenda pela olaria e pintor, e dirigindo a aplicação final.
[Az.Thesaurus]
Quem aplica os azulejos. Devido à sua responsabilidade no planeamento e execução da obra, o ladrilhador pode desempenhar o papel de organizador da encomenda, estabelecendo o contacto com o encomendador, fazendo o levantamento do espaço (medidas e desenhos dos alçados), distribuindo a encomenda pela olaria e pintor, e dirigindo a aplicação final.
​[nota complementar] Profissão autonomizada dos pedreiros desde o início do século XVII, e com importâncias distintas ao longo dos séculos.

LEGENDA: Painel ou composição composta por letras e/ ou números. São exemplo placas toponímicas ou inscrições.
 
MÓDULO DE PADRÃO: Composição formada por um ou mais elementos mínimos de repetição que, agrupados em diferentes posições, constituem o motivo do padrão.
 
Exemplo: num padrão de 2x2/1 o módulo é formado por 4 azulejos e o elemento mínimo de repetição reporta-se a 1 azulejo. Num padrão de 4x4/4 o módulo é formado por 16 azulejos e o elemento mínimo de repetição reporta-se a 4 azulejos.
 
MOLDURA: A moldura designa os enquadramentos que funcionam como um todo, geralmente recortados e articulados com a pintura das secções e/ou painéis.
 
NÍVEL: Sequência de leitura das secções, organizada verticalmente, de baixo para cima (ver secção).
 
OLARIA: Corresponde à unidade de produção artesanal.
[Az.Thesaurus]
Corresponde à unidade de produção cerâmica artesanal. Com base em diversas descrições dos séculos XVII e XVIII, pode descrever-se da seguinte forma: o piso superior era destinado à habitação do mestre oleiro, deixando o piso térreo e o páteo livres para o trabalho. O espaço de trabalho incluia espaços de secagem, lavagem e armazenamento, para além do forno, do poço, do moinho de vidro e de outro para fazer tintas. Algumas olarias teriam ainda uma tenda, ou seja, um espaço de venda (certamente de comércio profissional). Na olaria trabalhavam o mestre oleiro, os oficiais, aprendizes, forneiros, criados…
 
OLEIRO: Responsável pela manufactura do azulejo.
[Az.Thesaurus]
Responsável pela manufactura do azulejo, que assume um papel de particular relevo durante os ciclos de renovação tecnológica e na produção de azulejaria seriada.
​[nota complementar] Termo cujo significado conheceu variantes ao longo dos séculos, centralizando a produção no século XVI através do domínio dos fornos, dos vidrados e das tintas cerâmicas; mantendo essa unidade no século XVII, com a produção de azulejos de padrão, seriada e com mão-de-obra pouco especializada, mas com alterações profundas no século XVIII.
 
ORNAMENTAL: Composição com ornamentos.
 
PADRÃO: Composição formada por um módulo que se repete até ao infinito a partir de um elemento mínimo, designado como módulo.
 
PAINEL: Conjunto de azulejos que forma uma composição coerente, autónoma em termos funcionais e estéticos, aplicado em suporte arquitectónico mas de forma isolada; ou montados em suporte móvel e que, como tal, constituem um objecto. Incluem-se os registos e as alminhas.
 
PINTOR: Pode corresponder ao autor e/ou ao executante.
[Az.Thesaurus]
Pode corresponder ao autor e/ou ao executante. Muito embora a expressão “pintor de azulejos” tenha correspondido, em determinados períodos, a uma maior especialização da profissão, deve ser usado preferencialmente o termo “pintor”, num sentido mais abrangente.
[nota complementar] O ofício de pintura sobre cerâmica foi realizado quer por pintores com uma formação mais erudita, quer por pintores assalariados pelos mestres oleiros para a execução de azulejaria seriada. É a necessidade de uma actualizada cultura ornamental e figurativa que explica a dissociação entre o mestre oleiro, que possui o conhecimento da tecnologia dos vidrados, e o pintor de azulejos. A documentação revela dois tipos de “especialização”: uma primeira, que se inicia nas últimas décadas do século XVI, relativa à produção de azulejos de padrão; e uma segunda, a partir das últimas décadas do século XVII, relativa à produção de azulejaria figurativa.

PUBLICITÁRIO: Painel ou composição de cariz publicitário.
 
REGISTO: Painel de intenção devocional, invocando a protecção divina, habitualmente aplicado em fachadas.
 
REPETIÇÃO: Composição com motivos que se repetem de forma sequencial ou alternadamente. São disso exemplo as albarradas.
 
REVESTIMENTO CERÂMICO: Corresponde a uma composição cerâmica aplicada em suporte arquitectónico (parede, nicho, etc…), e que deve ser lido na sua globalidade.

RODAPÉ: Fiada inferior do revestimento (pode ter dois azulejos justapostos), aplicada ao nível do pavimento. São em geral lisos, marmoreados ou esponjados.
 
SECÇÃO: Área figurativa, de padronagem ou ornamental, delimitada por emolduramento.
 
SILHAR: Revestimento que se encontra aplicado desde o pavimento, não preenchendo a totalidade da parede.